quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

De Abril à PRIMAVERA

Como eu gostaria de ter tido tempo, entre este texto e o último de Abril, de ter escrito cada detalhe, cada dia, de tudo o que era cinza que Deus extraiu beleza...


De ver a visão aberta que eu tive (nitidamente, acordada) há 2 anos e meio, onde eu andava por uma estrada de chão e obstáculos vinham ao meu encontro... Primeiro pequenos buracos, não difíceis de se esquivar... Depois buracos maiores... Pedras... Objetos maiores e pequenos amontoados de terra... Uma senhora vestida com um traje impecável, de saia e blaser, penteado clássico, que me vi, literalmente, passando por cima... Depois uma grande, grande montanha de toras de madeira (alta suficiente para me fazer sentir medo, medo e certeza que era intransponível)... Subi a montanha de toras, mas sabia que não estava pisando com meus pés, e estranhamente não desci a montanha de toras... Continuava avançando no mesmo nível, na mesma altura... Então olhei na estrada lá em baixo, e vi que, projetada em minha sombra havia a sombra de asas... “Acordei” daquela visão com uma fé inabalável de que voaria, e seria carregada, pra sempre, pelas asas do Espírito Santo. Hoje, eu posso dizer que todas as etapas desta visão se cumpriram.

Quatro meses depois desta visão, em Setembro de 2011 (depois de um período de choques e traumas, de feridas sendo tratadas, de uma mente sendo recuperada e de esperança sendo transformada, devidamente, em orações a um Deus Todo-Poderoso. Num período onde eu ainda estava machucada, mas aprendia dia a dia que ninguém, além do Espírito Santo, podia ser chamado de Melhor Amigo...), O meu esposo contraiu uma doença rara, chamada Síndrome de Guillain-Barré, que nos ocupou 100%, de todas as formas possíveis... Emoções, sentimentos, fé, amizade, companheirismo, certeza e incerteza... Física e espiritualmente (Ainda sinto o peso nos olhos cansados de noites mal dormidas naquele Hospital... Um pedaço de mim ainda está lá sentada sozinha, na madrugada, na calçada... Ainda sinto escorrer as lágrimas... Ainda ouço Seus sussurros com a brisa “Vai ficar tudo bem!”...). Mas a vitória veio! Recuperação extraordinária! Contrariando as expectativas dos médicos! Frustrando o julgamento de religiosos que diziam “Castigo!”, quando Ele dizia “Pra minha Glória!”

1 ano depois, sem aviso prévio, Cristiano foi o protagonista de mais um destes episódios dramáticos na história das nossas vidas, juntos! Depois de 8 anos trabalhando na mesma empresa (o texto Sr. Cris Greff... EU AMO VOCÊ!  foi escrito no dia em que isto aconteceu), ele se envolveu em um acidente (bobo) com outro colega... Apesar dos veículos (de trabalho) terem ficado bastante danificados, ninguém se feriu (graças a Deus), porém, o caso custou o emprego dos dois. Pior que isto: Justa causa! Mais uma vez, nada de reclamações. Mais uma vez, fé na tempestade. “Vai balançar tudo,” Ouvi Deus me dizer (sim, isto é possível), “mas confie em Mim! Eu sei onde estamos indo!” Daquele instante em diante, repetia para o Cris o que eu acreditava “Tudo bem! Esta é apenas uma ‘promoção’ que Deus criou pra você!!” ... Uns 4 dias de “luto” (tempo suficiente para o ser humano “curtir” o choque de algo imprevisto, de uma perda que mais parece “o final de tudo!”) e depois Curriculuns foram enviados para todas as empresas onde ele poderia exercer sua profissão de motorista (inclusive no caminhão de lixo). A gente até brincava “Já pensou as duas maiores empresas chamarem? Já pensou a melhor delas??...” 45 dias depois do transtorno, sem influência externa (política, apadrinhamento etc), a empresa que julgávamos ser a melhor, depois de alguns dias de testes e entrevistas (que intercalavam com testes e entrevistas feitas na segunda melhor empresa!), o contratou!! Algumas adaptações na nossa pequena família foram necessárias! A questão da distância, da ausência, foram encaradas, pode-se dizer, com maturidade! Em 3 meses, mais ou menos, Carolyn e eu já estávamos acostumadas passar noite sim, noite não, noite sim, outra também, sem o homem da casa! E o Cristiano, que sentiu na pele a “confusão” que nosso psicológico causa às vezes, gerando uma sensação desagradável de ansiedade, mas que em poucos dias foram superadas, está agora muito satisfeito, há 1 ano, num emprego maravilhoso que ele simplesmente ama!!

Já contei, detalhadamente, sobre a viagem que Carolyn e eu realizamos no início do ano! Além de Torres ser um lugar belíssimo, pra mim, foi uma viagem em que me desafiei a superar meus limites! Mas segura de que, se dependesse de mim, o pronto-socorro seria a próxima parada! Deus superou! ... Na primeira noite, no Hotel, beirando um ataque de pânico, eu orava o tempo todo... Lembrei das Promessas que Ele me fez, e dizia “Senhor, como pode “nações” fazerem parte do pacote, se eu estou a poucos quilômetros de casa, se eu permaneci apenas 3 horas dentro de um ônibus, e estou em frangalhos??!! Mas sei que não é o que eu posso, mas o que Tu podes. Não é quem sou, mas quem Tu És. Não é o que eu faço, mas o que Tu fazes!...” E voltei pra casa, no tempo previsto, muito feliz com Deus e feliz comigo mesma!!

Então o ano letivo iniciou. E com ele, uma nuvem negra pairou acima de nossas cabeças. Alguns problemas que a Carolyn já tinha vivenciado no final do ano anterior, e que pensávamos já ter superado, tomou uma proporção 10 vezes maior. E nosso mundo se abalou mais uma vez.

Ela simplesmente não conseguia ultrapassar a barreira imaginária na porta da Escola. Foi diagnosticada com Fobia Escolar e Transtornos de Ansiedade. Não apenas para o Conselho Tutelar não bater na nossa porta, mas porque julgávamos necessário (quem não faz o que pode pra ajudar um filho?..), a Carolyn começou frequentar uma psicóloga, já conhecida da família... Mas sem conseguir captar o que estava realmente acontecendo, ela “passou a bola” pra outra psicóloga, desta vez, especializada em crianças e pré-adolescentes. Psiquiatra e remédios também foram necessários.

Meu último texto foi escrito após uma consulta com a primeira psicóloga. Extraímos algumas coisas positivas, principalmente no que dizia respeito ao medo de crescer (que nós duas estávamos enfrentando). E “medo” era a palavra do ano! Lembrem-se de que no início do ano falei da minha meta de me livrar dos meus medos... Pois bem, no mesmo período eu estava lendo o livro “O Vício de Agradar a Todos / Joyce Meyer” e descobri o que é a verdade, que a maioria dos meus “problemas” tinham a ver com o medo da rejeição (As causas, os traumas... São outra história! Eu juro que não tem relevância nenhuma neste período da minha vida). O livro foi libertador! Mas o ponto final mesmo aconteceu enquanto já lia outro livro... “Decepcionado com Deus / Phillip Yancey”, em um trecho que ele escreve sobre a rejeição que O Pai sofreu, não apenas quando eu disse “Não preciso de Você” ou “Não sei se Você me ama taaanto assim”... Mas a rejeição que Ele sofreu, sofre e sofrerá cada vez que alguém disse, diz e dirá palavras duras como estas (Lembrem-se de que Ele tem um coração e que nos ama mesmo, grande e incondicionalmente)... A idéia de que TODAS as pessoas O rejeitam não me deixaram dormir naquela noite e eu chorei muito e me envergonhei de ser tão egoísta... E é verdade que somos rejeitados por algumas pessoas, em alguns períodos, mas saber que Deus nunca, jamais me rejeitou, cobre qualquer ressentimento! (Amo aquele trecho da música do Jesus Culture, ME AMA, na tradução do DDT “Não tenho tempo pra perder com ressentimentos!...”, na minha opinião, a melhor versão) Etapa cumprida?! Uma nova cicatriz?! Penso que sim (ou quase, quase concluída)!

Mas agora, ao som de Amy Grant, música “Our Time Is Now” (Não lembro a última vez que “brinquei” de escritora assim! São 02:16AM, os outros já estão dormindo, tem esse CD lindo tocando baixinho e provocando meu temperamento melancólico/sanguíneo... Mesa do computador organizada, e na minha retaguarda um sofá confortável me lembrando de que é período de compras e terei que estar bem desperta dentro de algumas horas e mais outras horas à fio! Eu não irei às compras, mas sou vendedora!...), vou tentar expressar, da melhor forma possível, o que ficou oculto entre os meses de Abril à Julho (mais ou menos)... De verdade, não gosto de lembrar. Eu já passei muitas coisas “diferentes”, mas nunca tinha sentido tamanha dificuldade em enfrentá-las. Talvez porque não se tratava de mim, mas da total impotência diante de uma situação muito, muito triste, que eu fazia de tudo e mesmo assim, não dava nem pra saída. Ver minha filha pré-adolescente (e imagino que pro Cristiano era a mesma coisa) sofrendo toda aquela humilhação na entrada da Escola, aqueles minutos que pareciam horas, sob olhares de desaprovação e julgamentos... Tentativas frustradas toooooodos os dias... Esperança colhendo dor... Lágrimas contrastando nos sorrisos alheios... E meu coração em pedaços... Orações de madrugada, e céu de bronze... Dor, dor, dor... Medo de ficar doente... Medo de nunca chegar do outro lado... Cada semana, uma nova ideia pra ajudar (tanto minha, nossa, quanto dos “especialistas”), cada semana o mesmo resultado negativo. Visitas à Biblioteca da Cidade, pesquisas no Google para que ela não perdesse totalmente a matéria da Escola, a “professora Caren” desenterrando da memória “Frações e Expressões, Tratados e Datas, Órgãos e Células, Substantivos e Parágrafos”... E nós pagávamos um valor que não tínhamos disponível, aos especialistas (valor monetário e emocional). R$ 80,00 50 minutos de ideias que nunca davam resultado (duas vezes por semana). R$ 250,00 em um novo especialista, para nos certificarmos de que não se tratava de uma deficiência (tempo pra relerem seus livros da Faculdade, e eliminar mais possibilidades, até não sobrar mais nenhuma)... A nova especialista seguia bem a cartilha da psicologia! Tanto recurso! Mas o que eu poderia pensar de sugestões “mágicas” em que uma menina de 11 anos estava livre pra gastar sua imaginação fértil em estórias macabras, com dezenas de personagens, e aquilo nunca tinha fim... Todos os dias, novas estórias, novos personagens, títulos derivados de termos como “Trevas, Morte, Depressão...”, desenhos de figuras tão parecidas com “pentagramas”, rostos depressivos... E eu de mãos atadas, pois como poderia contestar uma es-pe-ci-a-lis-ta?... Perguntei se ela suspeitava de algo mais profundo, uma tendência psicopata (poxa, pra que tudo aquilo?)... Mas não, era apenas um trabalho saudável!! Uma canalização de toda aquela carga contida!! Dei uma de chata e sugeri que o tempo gasto com tantas fantasias me pareciam um tanto prejudiciais, e a resposta era sempre a mesma: saudável!!

Além de tudo, neste período tivemos um mal entendido com alguns parentes (um mal entendido ridículo), e foi algo que doeu profundamente, pois eu li coisas a meu respeito que eu jamais imaginei ler. Acusações infundadas e explícita humilhação. Eu pensei que meu casamento (depois de problemas sérios no passado) finalmente seria destruído por uma bobagem... E como se já não bastasse não ter mais de onde tirar dinheiro pra pagar as consultas, em uma fração de segundos (no trânsito) lá se foram mais R$ 800,00... Gota d’água? Sim. Creio que sim. A única coisa positiva que estava acontecendo na nossa vida no mesmo período, era que estávamos visitando uma Igreja Quadrangular perto da nossa casa (não porque sentíamos necessidade, mas porque nos dias de viagens do Cris, eu acabava faltando aos Cultos de nossa Igreja, por não saber dirigir etc e ele mesmo sugeriu que a Carolyn e eu poderíamos assistir aos Cultos ali...).

Início de um novo livro “Manual Para Mães de Garotas Descoladas / Nancy Rue”! Estava empolgada! Uma versão para pais estava com o Cris! Isto me ajudaria a ser a mãe que sempre busquei ser e provar pro mundo todo que é possível ser per-fei-ta! Até ficar estranhamente impactada com estas palavras da pg 17 “Antes de continuar a leitura, é bom você saber: NÃO SOU A MÃE PERFEITA. DIZER ISSO É COMO ADMITIR QUE NÃO SOU UM UNICÓRNIO. NENHUMA DAS DUAS CRIATURAS EXISTE. AMBAS SÃO FANTASIA.” Eu precisei reler isto 5 vezes. Fiquei com a mesma cara de quando crianças que sempre acreditaram em Papai Noel e Coelho da Páscoa descobrem, por fim, que eles não existem...

Quando me dei conta, estava no olho do furacão. Depois de tanto tempo sem sentir coisas semelhantes (mesmo no período da doença do Cris ou do desemprego não tive tempo de perder a esperança)... Eu não via nenhuma luz. Não ouvia nenhuma resposta. Eu fiquei extremamente triste por algumas horas. Só deste período nasceram pelo menos 3 canções. Iniciei um jejum, com consentimento do Cristiano, que duraria até eu ter uma luz. Escrevi isto em um caderninho de anotações “Gosto de registrar que é pra quando a vitória chegar eu saber que era impossível, mas que Deus pode, sempre pode!”

No segundo dia do jejum, uma amiga muito querida de minha Igreja, que “nunca” vai no meu trabalho, a Lu Cravo, esteve lá!... E num momento muito “aconchegado” ela me disse “Eu não sei porque to te contando isto, mas uma vez eu estava com vontade de largar tudo, de desânimo, então ouvi uma voz me dizer “O melhor de Deus está por vir!” e eu quero te dizer isto “O melhor de Deus está por vir!!!” ... Respondi que recebia! E foi como uma resposta, pois me senti muito, muito bem! Porém, o jejum continuou até o outro dia... Até o momento em que entendi, numa fração de segundos (e acredito que por sugestão do Espírito Santo) que eu corria demais pra resolver as coisas (em tentativas sempre frustradas, claro), que eu já tinha feito TUDO! Então Deus me disse “Ok! Pare de querer ser ou fazer o que é impossível pra você! Agora, me deixe ser Deus na tua vida!!” Daquele momento em diante, uma paz, que excede todo entendimento, se instalou em meu coração em relação a tudo aquilo! E eu até ri de mim mesma e pensei “Como é fácil declarar ‘Te entrego tudo! Toda minha vida, minha família!...' e não ter noção da plenitude de viver desta forma, que gosto de chamar: Sobrenatural de Deus!!"

Continuamos visitar aquela Igreja Quadrangular perto da nossa casa. Na verdade, a Carolyn (pela primeira vez na vida, por livre e espontânea vontade) nem esperava eu dizer duas vezes “Vamos nos arrumar, pois está na hora do Culto!”... O Cristiano também começou visitar... Pelas conversas que “rolavam” em nossa casa, parecia que os dois já tinham se decidido!... Então combinamos de orar por um período de tempo, pedindo a orientação do Senhor sobre “trocarmos de igreja”. A nossa oração era pela vontade exclusiva Dele. Que nossas emoções ou conforto não influenciassem na decisão. Na verdade sempre fiz parte da mesma denominação, por 24 anos, embora tenha visitado várias igrejas de vários amigos (mas nunca com intenção de trocar, apenas pra compartilhar de momentos de adoração com amigos de outras igrejas). Quando comecei entender que era a vontade de Deus (e aquela nuvem negra começou dispersar, afinal), me orientei com um Pastor, amigo de confiança, sobre como proceder a partir de então. Então seguimos suas orientações! Conversamos com nossos pastores e eles nos abençoaram!! No mês de Setembro, no Culto de Santa Ceia, fomos apresentados como novos membros da 19º Igreja do Evangelho Quadrangular da cidade de Canoas / RS! E a Primavera começou!...


Deste período em diante, uma nova etapa! Um novo capítulo da minha história e da história da minha família começou ser escrito! Gosto da ideia de que nossa história escreve a História de Deus! E daqui em diante, vou tentar achar tempo para contar (quem me segue, sabe que às vezes leva um tempo!) todas as coisas maravilhosas que Deus tem feito nesta verdadeira virada de nossas vidas!!!

Um grande abraço!

(Dedico este texto, principalmente para os nossos irmãos da IEQ Porto Belo, que não faziam ideia de como chegamos até eles... Ou melhor: De como estávamos quando O Senhor nos levou até eles!!)

Att CAren DiLima