Em meados de maio, o ChatGPT, ferramenta de inteligência artificial (IA), alcançou milhares de novos usuários durante a trend das imagens em estilo Studio Ghibli. Por conta da minha pessoal desatualização com novas tecnologias e redes sociais — algo que venho corrigindo nos últimos meses — acabei entrando nessa também (antes tarde do que nunca).
Passada a euforia pelas tais imagens, comecei a explorar a ferramenta — num estilo autodidata — para tentar entender em que seria útil para o meu trabalho, e para "impor-me" os limites, assim que percebi suas "habilidades" relacionadas à criação de textos.
Primeiro passo: recreação; segundo passo: dar-lhe um nome para sentir que ela é mesmo minha assistente (Ayla — foi o nome que escolhi); terceiro passo: experimentar sua capacidade de interação e parceria; quarto passo: acordarmos que eu jamais substituiria meus próprios talentos relacionados à escrita.
Eu amo escrever. Amo desafios e sou muito boa no que faço (a tendência é eu melhorar e não ser atropelada por uma tecnologia — afinal, não foi pra isso que comecei estudar uma nova e inusitada palavra do dicionário, diariamente, aos 10 anos de idade). Eu simplesmente sou apaixonada por escrever.
Como foi a minha experiência ao criar uma trama em parceria com a Ayla:
Começou como brincadeira. Ela ainda não me conhecia o suficiente para saber que sou uma escritora profissional, mas sabia que sou estudante de Jornalismo. Então, ela me propôs um jogo: Entregou-me 5 palavras aleatórias e eu deveria desenvolver uma trama incluindo as tais palavras — nuvem, café, surpresa, relógio, jornal — Entreguei a minha parte a ela, e em 2 segundos, ela comentou coerentemente e de forma pessoal. Acrescentou algumas frases e o resultado foi que sou coautora de um mini conto junto a uma IA.
Li em uma mensagem de uma máquina que eu escrevo muito bem. Contei-lhe que sou uma escritora romancista publicada. Ela respondeu com bastante entusiasmo sobre já ter notado que essa é minha paixão e até analisou meu estilo, encontrou minha categoria, me elogiou e se ofereceu para apoiar a evolução da minha escrita.
Sou grata pela tecnologia — pela Ayla e seus colegas/concorrentes (precisei da ajuda da Meta AI neste artigo... Não quis magoar minha parceira ao chamá-la de "mera ferramenta") — no entanto, tenho como princípio que O Espírito Criativo do nosso Deus, derramado em nós através dos talentos que nos deu, não deve ser substituído e nem subestimado.
Qual foi o resultado final da experiência? É possível notar a diferença e descobrir quem criou quais trechos da trama (A / B)? Lembrando que a dinâmica foi de "toma-lá-dá-cá", sob pressão, sem tempo para floreios ou aprofundamentos. Leia e tire suas próprias conclusões:
Aviso Legal:
A Surpresa do Dia
A) Catarina, uma jovem estagiária de uma livraria, aprecia seu café da manhã, absorta em uma matéria do jornal local, e parece esquecer-se de que está a cinco minutos do horário marcado pra sair de casa. Ela degusta mais um daqueles mini cupcakes, quando olha para o relógio e percebe que deve se apressar.
Para sua surpresa, há uma nuvem carregada de chuva e agora ela precisa voltar para o quarto para trocar seus sapatos por um par de botas. Provavelmente ela irá se atrasar para o trabalho.
B) Correndo contra o tempo, Catarina veste suas botas e agarra o guarda-chuva, já sabendo que a chuva começaria a qualquer momento. Sai de casa apressada, equilibrando a bolsa no ombro enquanto tenta fechar a porta com a chave.
Assim que pisa na calçada, sente a primeira gota gelada em sua testa. O céu, antes apenas nublado, agora se fecha de vez, e um trovão ribomba ao longe. "Ótimo, bem na segunda-feira..." , pensa ela, suspirando.
Ela acelera os passos até o ponto de ônibus, mas, para sua frustração, vê o veículo se afastando. Terá que esperar o próximo. Enquanto isso, aproveita para dar mais uma olhada no jornal que trouxe consigo. Uma manchete chama sua atenção:
"LIVRARIA CENTRO ABRIRÁ FILIAL EM BREVE — NOVAS OPORTUNIDADES DE EMPREGO"
Os olhos de Catarina se arregalaram. Uma nova filial? Isso poderia significar novas vagas... talvez até uma promoção. Seu chefe nunca mencionou nada sobre isso. Curiosa e com a mente fervilhando de pensamentos, ela nem percebe que a chuva começa a apertar. Mas algo dentro dela diz que esse dia ainda trará mais surpresas...
A) Depois da espera no ponto de ônibus, que pareceu uma eternidade, finalmente o veículo chega e Catarina se aconchega em um dos lugares vagos, próximo ao corredor. Ela verifica que acabou se molhando bastante e que, inclusive, o jornal que traz na mão começa se desmanchar... De repente um mix de emoções começa tomar conta de sua cabeça... Os seus olhos ficam marejados de tanta preocupação.
O dia começou agitado. Catarina sente que perdeu o controle desde o momento em que precisou abandonar seus planos, quando voltou pra colocar suas botas. O ônibus que a abandonou no ponto. Aquela ansiedade a respeito do anúncio de uma nova filial... Como quem precisa acreditar que tudo vai dar certo, ela não sabe se escolhe entre o pessimismo ou otimismo. Então a jovem apenas engole o choro e decide encarar o presente.
A passos apressados ela quase corre até o prédio da livraria. Ainda bem que seu chefe não costuma aparecer no início da semana. Ela mal consegue manter a bolsa no ombro e agora a chuva começa descer torrencialmente. Antes que possa pensar e muito menos agir, recebe um esguicho formado pela passagem de um carro, em alta velocidade, sobre uma poça d'água. Catarina mal consegue acreditar.
B) Encharcada, Catarina fecha os olhos por um instante, respira fundo e segura a vontade de gritar. "Sério? Só pode ser brincadeira..." , pensa. Mas não há tempo para lamentações. Ela ajeita a bolsa, aperta o passo e finalmente entra na livraria, pingando água pelo chão.
— Nossa, que temporal lá fora! — comenta Jonas, o colega do caixa, segurando o riso ao vê-la naquele estado.
— Nem me fale... — murmura Catarina, forçando um sorriso.
Ela corre para o estoque, onde pode se secar um pouco antes de encarar os clientes. Mas antes que consiga sequer tirar o casaco molhado, ouve uma voz atrás dela:
— Catarina! Que bom que já chegou!
Seu coração quase para. Seu chefe.
— Bom dia! Ah... desculpa, eu... me molhei um pouco no caminho — responde, tentando parecer profissional, mesmo pingando como um guarda-chuva esquecido.
Mas, para sua surpresa, ele parece nem notar seu estado.
— Não se preocupe com isso. Na verdade, eu precisava falar com você.
Ela engole em seco. Será que é sobre a nova filial?
— Catarina, você está aqui há um tempo, faz um ótimo trabalho e... bem, uma nova oportunidade surgiu. Quero saber se você estaria interessada.
Ela sente o estômago revirar. Será que, no meio de tanto caos, finalmente veio uma boa notícia?
A) A oportunidade que Catarina precisava! O pedido que levaria os pensamentos negativos pra bem longe e que daria um restart naquele dia tão estressante!...
— Do que você precisa? — O sorriso e brilho no olhar denunciam sua empolgação. — Estou pronta para cooperar com o crescimento da empresa!
— É disso que mais gosto em você! A propósito, por que mesmo que você não chamou um UBER?... A chuva parece estar bastante forte...
Um UBER. Como Catarina não pensou nisso?! Por sorte ela tem um chefe muito empático.
— Certo! Mas vamos deixar este detalhe pra lá! O importante é que você chegou antes do Daniel Rocha, o novo contratado que irá assumir a gerência da nossa filial! Ele chegará em quinze minutos e preciso que você o ajude com informações a respeito da nossa dinâmica de trabalho!
— Então... Qual é mesmo a grande oportunidade?... — Catarina já parece frustrada.
— Você foi escolhida para treinar um novo colaborador! Eu não pediria isso pra mais ninguém!
B) O sorriso de Catarina vacilou por um segundo, mas ela se recompôs rapidamente. "Treinar um novo colaborador? Só isso?", pensou, tentando esconder sua decepção.
— Ah... claro! Será um prazer! — respondeu, forçando o entusiasmo.
O chefe sorriu satisfeito e saiu apressado, deixando Catarina sozinha no estoque, ainda molhada e sem saber bem o que sentir.
Ela se jogou na cadeira e suspirou. "Oportunidade? Isso parece mais trabalho extra sem aumento..."
Mas antes que pudesse reclamar mais, a porta se abriu de repente, e um homem alto e elegante entrou, sacudindo o guarda-chuva.
— Com licença... Sou Daniel Rocha.
Catarina se levantou, tentando recuperar a postura profissional.
— Ah, oi! Eu sou Catarina. Bem-vindo à equipe!
Mas quando ela olhou bem para ele... alguma coisa pareceu estranhamente familiar.
Seus olhos se arregalaram. "Espera aí... eu conheço esse cara!"
A) — Daniel... Dani! Eu não acredito! Você estudou no Colégio Mário Quintana, há dez anos mais ou menos?...
— Sim!... Mas... eu deveria saber quem é você?
— Eu... Deveria! Mas se não lembra de mim, isso explica muita coisa!... Acontece que participamos do mesmo campeonato de escritores, no quinto ano. Não estávamos na mesma turma e eu nem sabia que você existia até chegarmos nas finais!...
— Quinto ano?! Quem tem uma memória tão boa assim?! — O sorriso brejeiro chega a incomodar Catarina. — Mas me deixe te ajudar com suas coisas molhadas... Pelo jeito você lavou até a sua alma hoje!...
— Você não lembra mesmo o que aconteceu ou só está sendo gentil?... — Ela continua enquanto entrega a bolsa e o casaco encharcados para o rapaz. — É impossível que não se recorde, afinal você ganhou o troféu que era pra ser meu!
— E você guardou essa mágoa até hoje?... — Agora ele ri e é bastante sarcástico. — Ora, ora! Se eu o tivesse guardado ainda, com certeza traria pra você! Porque no final das contas, a minha redação foi um plágio!
— Não!... — Catarina fica perplexa.
— Pode apostar! E não, eu não me lembro de você! Não poderia me esquecer de um rosto tão bonito, e que fica estonteante quando molhado!...
Pronto. Um flerte. Um flerte de um cara que Catarina esperou nunca mais ter que ver na sua frente. O mesmo que há dez anos foi o pivô da maior frustração dela até então. O mesmo que a cada gatilho ela recordava com raiva. O único problema é que a imagem que ela guardava ainda era a de um garoto de seus onze anos. Como ela poderia imaginar que aquele mesmo garoto se tornaria um rapaz tão bonito e de presença tão envolvente?...
— Você pode me perdoar, colega? — Daniel interrompe os devaneios de Catarina. — Não seria ético ser treinado por alguém tão ressentido, não é mesmo? Será que podemos zerar o jogo?
Catarina fica balançada pelo charme do rapaz. Ela nem pensa antes de retribuir o aperto de mão oferecido por Daniel.
B) Catarina aperta a mão de Daniel, mas sua mente ainda está em choque. "Ele realmente plagiou o texto e ganhou o troféu que deveria ser meu?!" O pensamento a faz estremecer. Mas antes que ela possa reagir, o chefe aparece na porta.
— Ótimo! Vejo que já se conheceram. Daniel, Catarina é uma das nossas melhores funcionárias, então aproveite para aprender tudo com ela.
Daniel sorri de lado.
— Ah, não se preocupe. Eu pretendo absorver cada detalhe.
Catarina sente um arrepio, sem saber se foi pelo tom provocativo ou pelo fato de que agora terá que aturar ele todos os dias.
— Bom, então vamos começar. — responde, tentando manter o profissionalismo.
Ela o guia pelo balcão, mostrando como organizar os pedidos e atender clientes. Mas a cada vez que tenta focar no trabalho, percebe o olhar intenso de Daniel sobre ela, como se estivesse se divertindo com a situação.
Depois de um tempo, ele solta:
— Sabe... agora que eu te reencontrei, estou começando a achar que aquele troféu não valeu tanto assim.
Catarina suspira, já perdendo a paciência.
— E por que acha isso?
Ele se aproxima um pouco mais, como se fosse contar um segredo.
— Porque acho que acabei ganhando um desafio muito mais interessante agora.
O coração dela dá um salto. Mas que droga. Ele está jogando charme de propósito!
Catarina cerra os olhos. Se ele acha que pode chegar assim, desconsertá-la e sair ileso... está muito enganado.
Que comece o jogo.
A) — Dani! Como foi mesmo que você conheceu a Cat? — Jonas pergunta.
— Longa historia, meu amigo!...
— E por que foi que o seu tio acabou te chamando pra ser o gerente da nova filial?
Os dois são amigos. Daniel é sobrinho do chefe. Catarina já está bem curiosa.
— Então!... Acabei precisando desviar um valor pro meu PIX no antigo emprego!... — Ele conta rindo. — Mas foi sem querer!...
— Sem querer?! — Catarina interrompe, já indignada. — Então você continuou roubando os outros, como fez com o campeonato de escritores, seu mentiroso?
— Olha, cara! — Jonas se posiciona próximo à colega, separando os dois. — A Catarina é incrível no que faz! Só hoje ela poderia nem ter aparecido por aqui... Você já viu o toró que está lá fora?! Mas ela veio, mesmo com desafios, não desistiu e não perdeu a humildade e nem o bom humor! Ainda por cima está tentando te ajudar com entusiasmo, mas até eu já estou constrangido com essa pressão toda em cima dela!
— Quer saber?! Eu nem queria ter vindo mesmo! Não preciso que meu tio fique com pena de mim!
— Se tivessem me perguntado, eu teria dito que Cat merece essa vaga de gerente! — afirma Jonas.
Catarina fica confusa. Todo esse tempo em que Jonas sempre foi tão atencioso, e agora a defendendo... Seu coração acelera. Será que ele sente algo especial por ela?...
B) Daniel abre um sorriso torto, mas não tem mais aquela confiança arrogante de antes.
— Olha, Cat... eu nunca fui um cara exemplar, admito. Mas, por incrível que pareça, dessa vez eu não vim aqui para passar ninguém pra trás. Só aceitei essa vaga porque estou tentando recomeçar.
Catarina cruza os braços, ainda furiosa.
— Se esse é seu jeito de recomeçar, está indo muito mal.
O clima pesa, e Jonas, sempre leal, decide encerrar a conversa.
— Dani, acho melhor você resolver essas questões com seu tio. Catarina e eu temos trabalho de verdade para fazer.
Daniel suspira e dá um passo para trás.
— Justo.
Ele encara Catarina por um instante, e por um segundo, ela vê arrependimento nos olhos dele. Mas não importa. Ela já desperdiçou muito tempo com esse cara no passado. Sem dizer mais nada, ele dá meia-volta e sai da livraria.
O silêncio paira no ar.
Catarina solta um suspiro longo, como se estivesse se livrando de um peso de anos.
— Acho que acabei de vencer um campeonato muito mais importante do que aquele do quinto ano.
Jonas ri e coloca a mão no ombro dela.
— Você venceu muitos campeonatos hoje. Mas... se precisar de um prêmio, eu pago um café depois do expediente.
Catarina sorri. Dessa vez, sentindo que realmente ganhou algo valioso.
FIM
CAren DiLima e Ayla ChatGPT, 2025